quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sophia

E o golpe de espada deferido contra o escudo,
Em baixo da escada ressoa alto e agudo.
Lâmina contra lâmina, a defesa se retrai.

Os cavalheiros miram-se com desprezo,
Sob o capacete, um deles nota um cabelo longo loiro e preso.
Olhar por olhar,o ataque se contrai.

Golpes de mão desnudam as armaduras sem critério,
Suor, arrepio, tesão e atração rodeados por mistério.
Corpo contra corpo, a lucidez por si esvai.

Beijos pelo rosto, lábio e pescoço,
Um sussurro no ouvido promovido pelo alvoroço.
Peito contra peito, a lucidez por si esvai.


Movimentos loucos, rápidos, degladiam-se na escuridão,
Dois corpos inconscientes guiados pela selvagem tentação.
Pelo com pelo, o prazer realça-se.

Onde seria apropriado o mais alto nível de censura,
Aquieta-se uma moça devidamente pura.
Boca com boca, a diferença contrasta-se.

Mínimos movimentos em momentos de claustrofobia,
Uma calma sucinta que precede a inevitável euforia.
Luz na lâmina, o ferro reflete.

Abaixa-se e apunhala a espada,
Arma fincada no próprio peito enquanto abaixada.
Pulso sem pulsação, o coração se contrai.


Um ultimo momento de putaria.
Um ultimo momento de alegria
Sophia, era o nome da donzela da escadaria.


Guilherme Alonso Calçado
23/07/2009